Ranking das melhores praias: aqui no Sapo encontra o Príncipe.

por Sandra Figueiredo

Terceira promessa sobre dicas de paraísos concentrados numa ilha só: Príncipe. Ali ouve-se muito “ser pequeno é ser bonito” porque a ilha do Príncipe é realmente pequena, mas iniciando a aventura e percorrendo trilhas e praias… parece bem maior do que o Globo indica. É como ficarmos submersos na verdadeira e única biosfera da UNESCO (reserva natural) e não se querer vir à tona. Porquê? A respiração é sustentada pela beleza das praias onde gostaríamos de voltar sempre. São, mesmo, as melhores praias do planeta que conhecemos. Vamos fazer o ranking, na minha opinião e também tendo obtido sondagens em São Tomé e Príncipe, em Portugal e por esse outro mundo que me foi enviando mensagens no instagram e muito obrigada mais uma vez ativos leitores e viajantes. Encontrarão o príncipe das praias e natureza sem terem de beijar um sapo. Basta ler o SAPO Viagens!

O ranking das praias-paraíso, uma opinião calibrada?

Praia Boi

Praia Boi
A Sandra na praia Boi créditos: Sandra Figueiredo

As cores verde e azul mais bonitas que algum dia vi, com um areal branquíssimo e o acesso mais fácil comparado com algumas das mais belas praias ‘por perto’; onde as tartarugas moram com serenidade; onde os papagaios cinzentos se ouvem mais fortemente; onde tudo é absolutamente virgem. Aliás, não há alojamentos perto (nem longe) e ao mesmo tempo sentimo-nos sozinhos e seguros. É surreal. Ao longo da praia passeiam barcos de pesca e outros de turismo que ficam a contemplar ou a observar o nosso ar bonacheirão longe da sombra das palmeiras. Alguns turistas destes barcos param para visitar estas praias, por um período curto que não aconselho.

Praia Boi
A Sandra na praia Boi créditos: Sandra Figueiredo

Levem sempre bebida (muita) e comida, assim como medicamentos básicos na carteira, pois não há alma perto que se aviste. Nem wi-fi, claro (e ainda bem!). Daí que marcava sempre um horário com o motorista para não haver uma replicação do filme ‘Lagoa Azul’ e ficar em ‘areia’ deserta. Já agora, cuidado com a marcação de agendas, pois ali o lema “leve, leve” aplica-se muito ao relógio.

Praia Banana

Com as palmeiras a fazerem a sesta sob o areal curto e o mar impossível de descrever. Na verdade, o mar do norte de Zanzibar encontra-se também aqui, lindíssimo, mas a envolvência é o que distingue as praias desta ilha (não há redes amontoadas na areia, não há vendedores em magotes, não há excesso turístico). Mas relembro, com saudade, e louvo o mar de Zanzibar, a Norte.

Tudo é natural, como um sumo fresco num eterno Verão.

Fácil de chegar de carro à Praia Banana (não precisam de jipe neste caso) e através do grupo hoteleiro Belmonte. Eles pedem apenas um valor simbólico da entrada porque é por ali o acesso até à praia. E, depois de atravessar os jardins cuidados de Belmonte, começamos a descida (não a de Dante), mas de Deus: até ao paraíso. A caminhada é mesmo longa, caros leitores. Preparem-se com ténis e não só chinelos de praia. Como companhia terão as bananeiras e toda a restante vegetação que parece uivar para vos saudar. A terra é amarela-vermelha, parece tudo preparado pela pintura dos homens. E não é. Tudo é natural, como um sumo fresco num eterno Verão. A humidade é excessiva para quem não está habituado. Mas, o areal não é branco e extenso, nem a praia é solitária como a Praia Boi. Distingue-se por haver um miradouro que só a Praia Banana tem em forma soberba: de cima podemos ver toda a maravilha de cores, de corais e de árvores da praia. Aí senti que a promessa estava cumprida, aquela praia era exatamente assim e sem adulteração de cores como se vê em muitas fotos de viajantes ou de curiosos.

Praia Bombom

Uma praia considerada por muitos como excelente. Sem dúvida, muito relaxante pois é a que tem o maior areal, mas tem um mar mais frio e mais forte. Aliás, de forma geral, as praias aqui são todas ‘onduladas’. Algumas mesmo boas para surf – mais as do Sul de São Tomé. As palmeiras são aqui particularmente diferentes porque lembram as caribenhas, bem deitadas no areal. O espaço da areia é realmente grande, vantagem principal. Chegar aqui também é facilitado pelas estradas. Os nativos apreciam bastante esta praia, aliás o nosso motorista aproveitou para nadar e apanhar cocos para o jantar. Uma vida simples, longa e tão bonita.

Praia Sundy

Praia Sundy
créditos: Sandra Figueiredo

Onde fica o único grande resort de luxo da ilha. Pessoas muito afáveis e podemos chegar a esta praia através do resort que é realmente um luxo de colmo e bom gosto. Mas, tenho de confessar que a praia é como uma normal atlântica e a areia é escurecida apesar de macia. Ao longo do areal encontram baloiços exóticos. Para chegar a Sundy, as estradas são rugosas e difíceis por comparação com as praias anteriores. Jipe indispensável. Fomos com o guia Yodi de quem já falei no mais recente artigo.

Praia Évora

Rochosa e com muitos craques. Os craques são caranguejos gigantes (um deles tentou levar-me a mala!) e que são muito apreciados na gastronomia da ilha. Uma praia selvagem, diferente.

Há mais praias, mas ficam as minhas eleitas. E há vários pontos onde podem fazer paragens para visitar, sentir e fotografar: o caso de várias igrejas, sobretudo uma que me impressionou porque se erguem apenas as paredes rústicas e o mar na frente como se fosse a sua porta azul. Dentro dessa igreja (até há pouco tempo ativa) estão duas árvores que parecem saídas de uma fábula. Só um alerta que ninguém me deu: cuidado com os vespeiros e outros bichos que estão escondidos nessas árvores. Quando ali entrei senti uma dor lancinante e estive duas semanas cheia de nódoas negras porque um bando desses bichinhos voou até mim e me queimou nas ancas. Pareciam guardiães da igreja e eu não passei da linha. Respeitei, mas voltei – não passando as árvores que estão a meio do espaço que já foi de bonitas eucaristias - e fotografei, apesar da dor. E são das fotos mais belas que tenho no arquivo.

Há miradouros, há restaurantes muito bons, sobretudo há amor em forma de pessoas ali.

Sabem o que mais vão gostar na descida até cada praia…

Começam a avistar a praia por causa das cores e corais, até mesmo se podem ver tartarugas contentes e livres. As árvores (não só palmeiras) estão quase deitadas e seguem um ritmo de girassol como nunca vi… porque se fecham a partir das 16h30 e se deitam com o pôr-do-sol.

Fica o conselho: depois de se banharem e agradecerem o que os vossos olhos veem, a pele amaciada pelo sol, o pouco sal (estranho!) nesta zona equatorial, contrariem o cansaço que o mar nos oferece… e subam tudo. Mas, ao subir vão parando para capturar momentos da estrada lindíssima de terra com as raízes de árvores que só avistei, assim, no Camboja.

Tenho pena de algo: muitos santomenses que residem na ilha do chocolate (ilha de São Tomé, a maior) nunca conheceram as praias do Príncipe e só ouvem os ecos de lá… a oito horas de navio incauto. Muitos ou mesmo a maioria porque não pode comprar o voo. Mas também têm as suas belíssimas praias (não como no Príncipe) a sul como a Praia Inhame, a Jalé (não é como numa foto que aparece comummente para o turista distraído) e a Praia Piscina. E há cães sempre a passear ao longo das praias com coleiras identificadas porque são de abrigos. Gostei de saber que os cuidam mais do que antes se relatava lá. Os surfistas preferirão estas praias a sul do arquipélago.

Cuidem-se bem e sejam felizes nesta viagem antes de ‘virarem lembrança’ (expressão santomense). Qualquer dúvida, comentem no instagram