![O fascínio de Istambul](/assets/img/blank.png)
Istambul é uma paixão.
De beleza intrigante e sedutora.
A fusão de referências culturais, os caminhos sem fim da história e os bairros que não vão dar ao Bósforo aumentam a curiosidade e o prazer da permanente descoberta.
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A visita foi na passagem de ano, com frio à noite e sol durante o dia. Muito bom para começar.
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Ficámos alojados num hotel em Marmara. O Marmara Pera fica mesmo em frente a uma estação de transporte público e ao lado do hotel onde ficou Agatha Christie quando escreveu Um Crime no Expresso Oriente.
O hotel fica a poucos metros da rua Istiklal, que vai até à praça Taksim.
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O despertar no quinto andar proporcionava uma interessante descoberta da vista de Istambul a partir da janela do nosso quarto. Um imenso casario de inúmeras cores e formas.
Em cada prédio, a marca de uma antena parabólica e edifícios velhos e novos a subirem uma colina enorme. Ao fundo, vários minaretes tocavam o céu. O hotel tinha ainda uma vista magnífica do último andar.
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Mármara é uma zona moderna.
Classe média, comércio mais desenvolvido e ruas com diversos hotéis e restaurantes.
Muito melhor do que o bairro turístico mais procurado, onde há grande concentração de alojamentos e turistas. Este parecia igual a muitas outras cidades europeias: ruas com bares, restaurantes e lojas de artesanato. Além de uma forte presença policial.
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O nosso hotel ficava distante. A meio caminho entre a torre Gálata e a praça Taksim.
Num local muito mais interessante. A rua pedestre, a Istiklal, era a nossa favorita.
De dia tinha muita gente e era relativamente calma, mas à noite era um dos locais preferidos pelos turistas e locais.
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Os edifícios têm uma arquitectura clássica, estavam bem conservados e partilhavam a rua com igrejas e embaixadas, cada uma delas com presença policial.
Havia também várias livrarias, cafés, lojas de doces e artesanato, lojas de vestuário e muitos restaurantes.
Pelo meio passava um eléctrico. Atravessava a rua de um extremo ao outro.
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Os restaurantes eram para todos os gostos e carteiras.
Alguns deles tinham uma pequena montra onde uma mulher trabalhava a massa e fazia o pão.
O nosso restaurante preferido, Konak, era muito frequentado por locais.
Não era muito fácil arranjar lugar e por vezes tivemos de repartir a mesa com outras pessoas. Num dia foi com um simpático palestiniano.
O maior “problema” era a comida deliciosa! Entradas, saladas, pão, fritos, molhos…. uma diversidade gastronómica que não se podia perder.
Comida fresca e muito saborosa, que convidava a experimentar diversos pratos e, apesar de se antecipar uma digestão difícil, não se podia perder a sobremesa.
O preço era acessível, não diferia muito de um restaurante médio em Lisboa.
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Foi também nesta rua a passagem de ano.
Procurámos alternativas mas não eram aliciantes e, por sugestão de um empregado do hotel, fomos experimentar a rua pedestre.
Estava cheia de gente. Uma multidão que aumentava com o aproximar da meia noite.
Muitos homens, uns sozinhos outros em grupo.
Famílias com crianças que levavam brinquedos luminosos. Restaurantes cheios. Vendedores ambulantes. Grupos de turistas.
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Um destes grupos eram quatro mulheres. Louras. Os locais não as deixavam. Metiam conversa, afagavam o cabelo, fingiam que eram namorados e outros até as tentavam beijar. De início elas levaram para a brincadeira. Depois perceberam que a coisa se podia complicar e começaram a barafustar. Eles insistiam. A sorte foi a polícia estar por perto.
Um destes homens reconheci-o no dia seguinte. Numa peça no telejornal local.
O assedio às turistas (a estas e a outras) foi mais complicado. A polícia deteve mais de uma dezena de turcos. Assédio, intimidação, assaltos… um grupo de ocidentais teve de se refugiar num restaurante. Só a polícia conseguiu abrir caminho para saírem dali.
A maior parte destes problemas ocorreram junto à praça Taksim. Era onde se concentrava mais gente.
Nas badaladas da meia-noite, um imenso fogo de artifício foi lançado do lado da praça.
Toda a rua brilhava com mistura das cores dos foguetes e da iluminação de Natal.
O reflexo nas janelas dava ainda mais vivacidade. Algum do fogo de artifício era dirigido para o meio da rua, de onde muita gente rumava ainda para a praça.
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Na passagem por Istambul fizemos o roteiro turístico habitual.
A história, arquitetura e religião são motivos para começar pela fantástica Mesquita Azul e a não menos admirável Basílica de Santa Sofia, que nos remete para Constantinopla, para as civilizações romana e bizantina.
Estão muito próximas e exigem um olhar atento. Porque são locais muito frequentados, convém visitar em horários com menos afluxo de turistas.
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São edifícios monumentais, construídos com excelentes materiais e pela mestria de especialistas do Palácio.
A Cidade nos Confins do Céu, de Elif Shafak, romanceia com saber e paixão a vida de quem construiu e deu glória aos sultões e ao império otomano.
Elif Shafak, a par de Pamuk, é um dos nomes maiores da literatura turca e nem sempre bem acolhida pelo regime (neste aspeto também igual a Pamuk).
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Visitámos ainda o Palácio Topkapı e o enorme e surpreendente Grande Bazar, concentrando no mercado a enorme diversidade de objectos, cores, cheiros e criatividade da Turquia.
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Um roteiro interessante e obrigatório.
No entanto, Istambul é uma cidade para percorrer caminhando pelas ruas. Sentir a vida quotidiana, os seus recantos, descobrir por onde andavam os vendedores de iogurte de Pamuk.
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Descer a encosta de Gálata em direcção ao Corno de Ouro, andar por ruas estreitas com uma enorme diversidade de pessoas e surpresas ao virar da esquina.
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Vendedores de sumo de romã, alfaiates, cafés… gente a caminho do trabalho.
Passar pelo interior de pequenos mercados, assistir ao ritual religioso nas mesquitas. As conversas de rua… O pulsar de uma cidade de muitas culturas e religiões.
Nestes caminhos, ao descermos da torre Gálata, damos de repente com a ponte que se espraia a céu aberto.
Centenas de canas de pesca faziam uma filigrana nos dois corredores da ponte.
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Os pescadores, quase sem espaço entre eles, ficavam colados aos parapeitos da ponte.
Quando passava um barco era como que um bailado de canas e fios. Içavam a cana, depois voltam a descer, todos em movimento contínuo.
Na parte inferior da ponte havia vários restaurantes e a vista também era dominada pelos pescadores.
Percorrer este lado da cidade, ao longo do Corno de Ouro foi também uma experiência curiosa.
De um lado o trânsito e os transportes públicos que vão para a ponte. Do outro lado, vendedores ambulantes, comerciantes e gente que subia a colina para o mercado antigo.
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Há várias mesquitas na rua onde termina a ponte. Uma delas, a Mesquita Nova, ocupa uma vasta área e o local onde está situada captava de imediato o olhar.
Muitos turistas passeavam por aqui e os fotógrafos dispunham de uma vista fantástica da zona nova de Istambul.
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Uma outra experiência que fica na memória é o passeio pelo Bósforo.
Como em muitas outras cidades, a visão distanciada a partir do rio (no caso o estreito) é muito interessante.
A arquitectura, a conjugação de prédios, ruas, a luz… dá uma perspectiva única.
No caso, foi ainda mais aliciante porque permitiu perceber as várias cidades dentro da enorme metrópole que é Istambul com mais de 13 milhões de habitantes.
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Prédios de gente rica com cais privado, edifícios antigos (caso do palácio Saraylar), bairros de classe média e alta, parques… uma diversidade de sinais que evidenciam como era contraditória a realidade social.
Este sinal era ainda mais evidente no outro lado da cidade, junto às muralhas de Constantinopola onde centenas de sem-abrigo faziam fogueiras para se aquecerem.
Vivem do nada.
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Autocarros com turistas passavam ao lado, ouviam recomendações para não andarem a pé por aqui, muito menos de noite. Muitos habitantes fazem a travessia de carro. Era desolador.
É também enorme a diferença entre alguns bairros. Vivendas junto ao estreito partilham o horizonte com bairros pobres, no outro lado do horizonte.
Ruas estreitas, casas velhas, muita gente na rua ou a atravessar vias rápidas.
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Do lado da Ásia, Istambul também registava marcas distintas.
Mais mulheres com véu.
Fomos à colina de Camlica, que tem uma magnífica vista da parte europeia de Istambul.
É a colina dos namorados (os noivos vinham aqui a tomar chá com os convidados) e possuía várias instalações para tomar café e chá. Há mais: é o caso do Sahlep.
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Como o tempo estava frio, decidi experimentar. Fantástico, ainda recordo o sabor e o aroma.
Experimentei mais tarde num restaurante turco em Lisboa e não é a mesma coisa.
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Recomendações:
O trânsito é caótico e em hora de ponta é um desespero. Vale mais andar de transportes públicos. Metro, barco, eléctrico, funicular… a pé.
O aeroporto fica a mais de 20km do centro da cidade.
Recomendações aqui do Portal das Comunidades sobre a Turquia.
A Turquia adotou o sistema de visto electrónico. Pode obter aqui informação e formulário.
A moeda local é a lira turca. Pode ver aqui o câmbio. Há muitos ATMs em Istambul e aceitam cartões de crédito nos restaurantes e hotéis. No entanto, é aconselhável andar com algum dinheiro para pagar despesas menores, nomeadamente nos souqs.
É também aconselhável consumo de água engarrafada e seguro de viagem.
Última recomendação: além do sumo de romã, não deixe de comprar castanhas assadas (em tempo frio, claro). São muito boas.
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