Foto: @theworldwalk|Instagram

Descobrimos a história desta dupla através da CNN Travel. Em maio deste ano, 2022, Tom Turcich, de New Jersey, Estados Unidos da América, tornou-se na 10ª pessoa a dar uma volta ao mundo a pé, enquanto que a sua fiel companheira de quatro patas, a Savannah, foi o primeiro cão a alcançar este feito.

Segundo declarações de Tom à CNN, a inspiração para esta longa viagem nasceu, em 2006, após a amiga de longa data, Ann Marie, ter perdido a vida aos 17 anos num acidente de ski. Devido à perda, Tom Turcich começou a re-avaliar a sua vida, acabando por perceber que precisava de viajar e de aventura na mesma.

Assim, começou a pensar em diferentes formas de o fazer e, ao ler,  descobriu Steve Newman, que se encontra no Guiness World Records como o primeiro viajante a solo a dar a volta ao planeta a pé. Entre as pesquisas, também descobriu o aventureiro Karl Bushby que está a explorar o globo a pé desde 1998.

Karl Bushby é um ex pára-quedista britânico, aventureiro e autor. Bushby quer ser a primeira pessoa a percorrer completamente um caminho ininterrupto ao redor do mundo. A caminhada de Bushby é conhecida como Expedição Golias.

Tom Turcich decidiu seguir as pegadas de Steve e Karl e viajar a pé. Tomada a decisão, começou a planear o trajeto, enquanto procurava angariar fundos para a aventura.

De acordo com a CNN, Tom conseguiu economizar o suficiente para “sobreviver” dois anos na estrada. Para tal, foi preciso trabalhar nas férias de verão enquanto estudava e regressar para a casa dos pais após se formar na faculdade.

Entretanto, pouco antes de partir, conseguiu um patrocínio de uma empresa local, a Philadelphia Sign.

“Ele [o empresário] conheceu Ann Marie e a sua família", explica Tom à CNN. "E só queria apoiar-me da maneira que pudesse."

O primeiro passo da caminhada à volta do mundo aconteceu quase nove anos após o aventureiro ter tido a ideia, a 02 de abril de 2015, um pouco antes de fazer 26 anos.

A rota que Turcich tinha planeado, passava por todos os continentes e por lugares em que não previam muitos “problemas burocráticos".

Mas nem o tempo, nem o trajeto viriam a ser tal como planeado. De acordo com o plano inicial, a jornada demoraria cerca de cinco anos e talvez tivesse sido esse o tempo caso não fossem dois grandes imprevistos: uma infeção bacteriana, que o levaria a regressar a casa por algum tempo, e a pandemia da COVID-19 que o obrigaria a mudar o trajeto devido à impossibilidade de entrar em alguns países que faziam parte do plano.

Uma coisa é certa, Tom Turcich terá colecionado histórias e vivido bons e maus momentos ao longo da sua jornada a pé à volta do mundo.

E a Savannah?

Inicialmente, Tom não planeava viajar acompanhado por um animal de estimação. Partiu sozinho a pé de New Jersey rumo ao Panamá,  a primeira etapa da viagem.

A Savannah entra na aventura quatro meses depois por Tom sentir alguma dificuldade em relaxar, especialmente enquanto acampava. Deste modo, concluiu que seria boa ideia (e mais seguro) ter um cão. Foi então que adotou a Savannah num abrigo de animais de Austin, Texas, Estados Unidos da América.

A jornada de Tom e Savannah

Após um ano a caminhar e de ter chegado ao Panamá, Tom criou uma conta na plataforma de doações Patreon para angariar mais fundos para a continuação da sua jornada.

Parte do segundo ano de viagem desta dupla foi entre Bogotá, Colômbia e Montevidéu, Uruguai. De Montevidéu, o par apanhou um barco para a Antártida. Conforme descrito pela CNN, Tom terá ido a casa nesta altura para tratar da documentação para conseguir viajar para a Europa com a sua companheira Savannah.

Na Europa, Tom e Savannah atravessaram a Irlanda e a Escócia, onde tiveram que parar devido a uma infeção bacteriana que levou Tom a procurar ajuda médica em Londres, onde andou “dentro e fora do hospital durante semanas”. O viajante acabou por voltar para casa, nos Estados Unidos, onde permaneceu até recuperar.

Depois da paragem forçada, Tom retomou a caminhada a partir de Copenhaga, Dinamarca, em 2018, porém, demorou a regressar ao seu estado normal, quer a nível mental, quer físico.

Ao longo da viagem e dos desafios que enfrentou, o peregrino chegou a ter dúvidas se devia continuar, contudo, nunca chegou a considerar desistir de forma séria.

A luz e energia de Tom voltaram em pleno enquanto percorria o Caminho de Santiago, que também conta com rotas em Portugal, para além das de Espanha e França.

Depois do Caminho de Santiago, Tom e Savannah seguiram para África e passaram por Marrocos, Argélia e Tunísia.  Terão, de seguida, regressado à Europa e explorado a Itália, a Eslóvenia, Montenegro, Albânia e a Grécia.

A viagem seguiu pela Turquia onde Turcich se tornou no primeiro cidadão a ter autorização para atravessar a ponte do Bósforo a pé.

A dupla conseguiu chegar a pé à Geórgia e rumou, a seguir, para o Azerbaijão, onde teve que permanecer vários meses por causa do surgimento da pandemia da COVID-19.

Inicialmente, Tom pretendia seguir do Azerbaijão para Uzbequistão, Quirguistão, Cazaquistão, Mongólia e, por fim, Austrália, o último destino antes de voltar para os Estados Unidos.

Devido às restrições de viagem em vigor na altura, Tom teve que desistir da ideia de visitar o Cazaquistão, a Austrália e a Mongólia.

O Quirguistão acabou por ser o último território que a dupla visitou a pé fora do Estados Unidos. Depois da visita neste pequeno país da Ásia Central, os aventureiros apanharam um avião para Seattle, em agosto de 2021.  Chegados a Seattle, começaram a caminhar  rumo a New Jersey.

Curiosamente, o lugar onde Tom mais “sofreu” foi em Wyoming, o estado norte-americano menos populoso. Isto porque encontrou tudo fechado por causa da pandemia, algo que não contava. “Voltei para os Estados Unidos a pensar: 'Estou de volta a casa. É tão desenvolvido. Isto é fácil.' Mas eu poderia muito bem estar nos desertos do Chile ou do Peru.", desabafa com a CNN.


Para conseguir entrar no Guiness, é necessário viajar cerca de 30 mil quilómetros e passar por quatro continentes. Num dia sem imprevistos,  Tom Turcich e Savannah caminhavam entre 29 e 38 quilómetros.

A aventura de Tom Turcich e de Savannah foi sendo relatada no Instagram e no blogue The World Walk.