![A caminho de Drave: o trilho que o vai levar à aldeia mágica do Arouca Geopark](/assets/img/blank.png)
O PR14 é um dos percursos mais emblemáticos das serras de Portugal e é o trilho que mantém viva a magia desta aldeia.
Para aqui chegarem devem percorrer a estrada M567 durante 19km desde o centro da cidade de Arouca e no topo da montanha seguir pela CM1256 uns 2km até à aldeia de Regoufe.
Iniciamos a nossa visita pelas Minas de Regoufe, ou Complexo mineiro do Poço da Cadela. Atualmente abandonado, este complexo faz parte dos geossítios do Arouca Geopark.
![Minas de Regoufe Minas de Regoufe](/assets/img/blank.png)
Estas minas tiveram uma grande importância durante a II Guerra Mundial. Uma curiosidade é que terão sido exploradas por ingleses e, a poucos quilómetros daqui, existiam as minas de Rio de Frades, onde estariam alemães, duas forças opostas durante a guerra mas que em Arouca conviveram em clima de paz.
Todas as estruturas estão atualmente em ruínas o que torna a paisagem ainda mais incrível para quem gosta de fotografar recantos abandonados ou históricos.
![Minas de Regoufe Minas de Regoufe](/assets/img/blank.png)
Aqui decidimos fazer um pequeno piquenique antes de iniciar a nossa caminhada mas se preferirem também existe um restaurante (O Mineiro de Regoufe) e um café (Café Montanha).
Prontos para a aventura e de mochila às costas, seguimos para Regoufe.
O percurso tem início junto à Capela de Santo Amaro, mesmo ao lado da Ribeira de Regoufe, onde existem algumas pontes utilizadas, sobretudo pelos agricultores na deslocação para os campos.
![Regoufe Regoufe](/assets/img/blank.png)
Destacamos uma rua onde a essência da vida no campo está bem presente, as casas humildes, os animais à solta no meio do caminho e as grandes vides que criam uma passagem especial mesmo no início desta viagem.
Ao longo dos próximos 4km, 2 horas (em média), não encontrarão qualquer sombra pelo que deverão ter especial atenção nos dias de temperaturas elevadas.
Durante uma subida um pouco íngreme, a aldeia de Regoufe vai-se despedindo no horizonte. Já no topo, uma vista deslumbrante surge mesmo à nossa frente. São as "Montanhas Mágicas" que tanto se falam nesta região.
![Montanhas Mágicas Montanhas Mágicas](/assets/img/blank.png)
Aqui apenas uma coisa se ouve, o vento a atravessar as encostas. É mesmo incrível o silêncio que vão sentir enquanto se perdem nas cores roxas e amarelas que pintam esta serra.
O sinal indicativo deixa-nos ainda mais curiosos. Pelo caminho vamos encontrando alguns caminhantes que já voltam de Drave, e o ar de satisfação é bastante notório.
![Trilho para Drave Trilho para Drave](/assets/img/blank.png)
O trilho parece mais bonito a cada passo que damos. A forma de como ele vai irrompendo a montanha é fantástico.
No fundo do vale, existe um ribeiro mas a altitude a que nos encontramos impede-nos de ouvir as águas bravas que leva entre as rochas.
Pelo caminho, descobrimos alguns abrigos dos pastores ou, pelo menos, pensamos que sejam.
![Trilho para Drave Trilho para Drave](/assets/img/blank.png)
Ao desfazermos uma curva para a esquerda, já na descida do trilho, surge aninhada na montanha a aldeia de Drave. Uma verdadeira tela natural. É nesta altura que começamos a perceber a designação de "Aldeia Mágica".
A partir deste ponto o percurso fica um pouco mais estreito.
![Trilho para Drave Trilho para Drave](/assets/img/blank.png)
À medida que nos vamos aproximando reparamos que a aldeia é maior do que parece ser à distância. Apesar de já parecer próxima o caminho de rochas onde são visíveis marcas das antigas carroças que aqui passavam, ainda se prolonga durante algum tempo.
Durante todo o caminho permanece a questão de como seria difícil viver aqui e de como uma aldeia totalmente abandonada é hoje procurada por todos estas pessoas que fotografam cada pormenor com muita atenção.
Finalmente chegamos. Estamos agora mesmo em frente à aldeia com uma vista panorâmica magnífica.
![Aldeia de Drave Aldeia de Drave](/assets/img/blank.png)
Sentamo-nos um pouco no que parece ser um miradouro criado pela natureza. Claramente destaca-se a Capela de Nossa Senhora da Saúde com a sua cor branca no meio de todas aquelas ruínas de xisto e lousa.
Ao fundo, ouvimos cascatas e vemos uma zona bastante verde que nos dá vontade de ir explorar.
Atravessamos a ponte e perdemo-nos nos encantos das ruelas estreitas entre as casas.
![Aldeia de Drave Aldeia de Drave](/assets/img/blank.png)
Numa placa afixada na Capela descobrimos que o telefone chegou aqui apenas em 1993. Um pouco mais acima, existe o Solar dos Martins, onde se terão reunido cerca de 600 parentes em 1946.
Segundo algumas informações não confirmadas, 2000 terá sido o ano em que a aldeia foi abandonada pela última família.
A 600 metros de altitude, Drave vê agora algumas casas ser recuperadas por um grupo de escuteiros que parece querer cuidar e preservar este recanto.
![Capela de Nossa Senhora da Saúde Capela de Nossa Senhora da Saúde](/assets/img/blank.png)
![Aldeia de Drave Aldeia de Drave](/assets/img/blank.png)
Vimos que circulavam alegremente pelas calçadas e provavelmente estariam a preparar algumas atividades.
Por sorte, alguns elementos estavam a cozinhar e o cheirinho que se espalhou no ar enriqueceu ainda mais a nossa imaginação do que seria a vida entre estas paredes.
Já na Ribeira de Palhais, as lagoas são encantadoras, azuis, verdes, de água fresca, pura e cristalina. Um convite a um mergulho, se o tempo estiver quente.
![Ribeira de Palhais Ribeira de Palhais](/assets/img/blank.png)
Se existem locais em que a paz nos invade a alma e onde o mundo que conhecemos parece nem sequer existir, é nesta aldeia. Inexplicavelmente aqui perdemos noção do tempo, do que nos rodeia e do que existe para além da montanha.
Eis que chega a hora de voltar a Regoufe. A saudade de Drave já se faz sentir à medida que nos vamos afastando.
Há ainda tempo para parar mais um pouco no alto da montanha e apreciar as cores das pequenas flores entre as rochas, sentir a ar fresco que se faz sentir com alguma intensidade e olhar à nossa volta uma última vez.
E porque este trilho é feito de surpresas, na descida para Regoufe encontramos uma senhora que fazia ecoar a sua voz pelo vale enquanto subia a encosta com o seu enorme rebanho de cabras. São estes momentos que mantêm as raízes de Portugal ainda bem vivas.
![Descida para Regoufe Descida para Regoufe](/assets/img/blank.png)
Certamente, iremos voltar a esta região mágica.
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Artigo originalmente publicado no blogue Indo eu Indo eu
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