![O miradouro da Sapinha e dos dois rios por onde passa a Barca d’Alva](/assets/img/blank.png)
Toda a presença humana em Barca d’Alva é passageira e fugaz. Só permanecem as serras e os rios Douro e Águeda. A perene obra da natureza.
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Do trabalho dos homens, os vestígios revelam o contrário. Passam todos os dias turistas e barcos, mas Barca d’Alva pouco mais é do que ancoradouro, ponto de passagem.
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No passado foi a vez dos comboios. Uma linha internacional com a aldeia a ser a última estação antes da passagem da fronteira. Faz parte do passado.
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Foram também embora os residentes e a presença dos mais novos é igualmente fugaz. Maximino Cruz disse-nos que “vim para aqui em maio de 83. Trabalhava na agricultura. Era amendoeiras, oliveiras, vinha ...o que fosse preciso. Fazia hortas e regava, coisas assim. Trabalho na agricultura ainda há só que o pessoal já é pouco.”
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Maximino Cruz estava a passear o cão junto ao Douro. Aproveitava uma sombra e a passagem de alguns visitantes.
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Descobrem a vida bucólica da pequena aldeia cujos limites são definidos pelo rio Águeda que se vai juntar ao Douro, a fronteira com Espanha e a margem direita do rio Douro.
Um pouco antes de chegarmos, na estrada proveniente de Figueira de Castelo Rodrigo, o miradouro Alto da Sapinha oferece-nos uma perspetiva de conjunto.
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Encostas repletas de vinha e amendoeiras e no fundo do vale profundo, o pequeno casario de Barca d’Alva ofuscado pelo brilho do Douro e pela ponte rodoviária, que é outro excelente miradouro. Ao lado da travessia do Douro vemos o cais dos barcos de cruzeiro.
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No testemunho de Maximino, “os tripulantes, os que trabalham no barco, ficam aqui. Os turistas vão passear lá para cima. Para Figueira, Almeida, Pinhel e Espanha. Aqui,' na Barca, só fica o pessoal, os que fazem a limpeza dos barcos.”
Algumas décadas atrás o grande movimento era por comboio. Também foi fugaz. A ligação internacional a Espanha fechou em 1988 e voltámos ao tempo da barca.
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“Atrasou ainda mais. Porque os comboios vinham do Porto e vinha também o espanhol até aqui. O cruzamento era na estação de Barca d’Alva.” Com o final da ferrovia voltou a estagnação e o abandono.
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A ponte ferroviária atravessa o rio Águeda e o acesso está repleta de vegetação de plantas silvestres. Podemos fazer uma breve caminhada na ponte, apesar de estar fechada. Fica um pouco antes da foz do rio Águeda
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(até o rio é esquecido em Portugal, apesar de fazer de fronteira durante quase meia centena de quilómetros com Espanha.) Só pela paisagem vale a pena a descoberta da ponte ferroviária e fazer a travessia a pé.
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Outra obra ferroviária que gera uma reação mista, de encanto e desolação devido ao abandono, é a estação de comboios. Maximino resume bem: “a estação é muito bonita mas está toda abandalhada.”
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Acrescenta que foi vandalizada: “arrebentaram as portas, levaram algumas coisas... sanitas, levaram muita coisa.” Um cenário oposto à descrição de Eça de Queiroz quando Jacinto, d' A Cidade e as Serras”, regressa a Portugal: “Era uma Estação muito socegada, muito varrida, com rosinhas brancas trepando pelas paredes-e outras rosas em moitas, n'um jardim, onde um tanquesinho abafado de limos dormia sob duas mimosas em flôr que rescendiam.”
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As duas plataformas de madeira, junto ao cais, ainda devem ser originais e é pena não serem restauradas. São mais um testemunho de como tudo é encantador e fugaz em Barca d’Alva. Fala-se em retomar a ligação ferroviária para incentivar a vinda de espanhóis.
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“Ao fim de semana vem muita espanholada. A fronteira é além e tem um cais para os barcos. Fazem passeios no Douro. "
Uma das épocas mais sedutoras para visitar Barca d’Alva é em meados de março.
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Quando as amendoeiras ficam em flor e decoram de branco as encostas das serras entre Escalhão e Barca d’Alva. Quando é a altura da flor da amendoeira fica muito bonito. Em março é costume haver uma feira, chamam festa, mas é uma feira da Flor da Amendoeira.”
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O manto branco da flor da amendoeira faz concorrência aos tons outonais da vinha. Enquanto os homens tornam fugaz a passagem por Barca d’Alva, a natureza preserva o encanto das serras e dos rios.
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O miradouro da Sapinha e dos dois rios por onde passa a Barca d’Alva faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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