![Porque Bocage se sente em casa em Setúbal](/assets/img/blank.png)
O dia de aniversário é feriado municipal em Setúbal e é provavelmente a única cidade em Portugal onde essa honra é atribuída a um poeta.
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Conforme nos adianta José Luís Catalão, responsável pelas bibliotecas e museus municipais de Setúbal, “Bocage é um poeta muito especial, carismático e muito popular” e em vários locais de Setúbal assistimos à relação especial com o poeta. “Escolas, ruas, praças, cafés, uma festa e, por outro lado, a Biblioteca e o Museu desenvolvem iniciativas de modo a aprofundar o conhecimento sobre o poeta”.
Um dos lugares de maior destaque é a Praça Bocage, o coração da cidade. Bocage é evocado com uma estátua, a praça tem o seu nome e há um café que adotou o apelido do poeta e também alguns poemas que estão escritos nas paredes.
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"Há mais referências o que leva a população de Setúbal a ter conhecimento da obra de Bocage. O poeta é também utilizado de forma sarcástica com as pessoas a contarem anedotas sobre ele. Sendo que, muito provavelmente, a maioria não são verdadeiras. Mas é bom que se fale de Bocage para não cair no esquecimento".
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Do ponto de vista histórico e social, há também razões para uma forte identificação de Setúbal com Bocage. A cidade tem ao longo da sua história uma forte tradição revolucionária. Desde 1580 em que apoiou o Prior do Crato e não alinhou com a maioria no suporte a Filipe I de Espanha, até à implantação da República onde a cidade foi um bastião antimonárquico. Esta história comunga com os traços rebeldes de Bocage.
A Casa Bocage em Setúbal é um dos lugares onde podemos encontrar informação mai detalhada sobre esta relação. A Casa fica num bairro histórico, próximo do Museu do Trabalho, e o objetivo é dar a conhecer o pensamento de Bocage, a sua obra e o seu percurso pessoal e poético. Há uma exposição de longa duração onde com informação detalhada e cronológica.
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A Casa Bocage tem ainda um centro de documentação e vários objetivos alusivos ao poeta como pacotes de açúcar ou uma nota de 100 escudos que tem a esfinge de Bocage.
Até há pouco tempo atrás chamava-se “Casa de Bocage”, porque se acreditava que seria o local de nascimento do poeta. No entanto, estudos recentes revelam que nasceu noutro lugar, junto à igreja de Santa Maria da Graça.
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A explicação que nos foi dada por José Luís Catalão remonta à altura em que o pai de Bocage esteve preso em Lisboa durante seis anos e a detenção coincidiu com problemas familiares. Tiveram de vender a casa em hasta pública. Bocage teria nascido na casa da avó mas a versão da História que prevaleceu remete para a Casa Bocage. Este é um exemplo “de que há muito mais documentação para investigar. Por exemplo, só recentemente se descobriu que Bocage viveu três anos em Beja”.
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A Casa Bocage é o ponto final de um roteiro para descobrir Bocage e a sua época cuja proposta nos é sugerida no Museu do Trabalho. Começa na Praça Bocage e a visita tem de ter em conta a bonita igreja de S. Julião que foi reconstruída após o terramoto e quando Bocage vivia em Setúbal. Segue-se o centro histórico e o Quartel do 11 onde Bocage começou a vida militar.
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O caminho vai depois na direção de Santa Maria, à casa da avó onde afinal Bocage terá nascido. “Segue-se Palhais, o lugar onde nasceu e viveu o pai e depois a subida ao miradouro. Ele foi batizado aqui, na ermida de S. Sebastião que já não existe. Poucos metros depois é a Casa Bocage”.
Um aneurisma pôs fim à vida curta de Bocage, morreu com 40 anos, em 1805.
Retrato próprio:
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste da facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
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Na Casa Bocage pode ainda ver um espólio muito interessante do fotógrafo sadino Américo Ribeiro. O arquivo fotográfico revela a realidade sócio-económica em Setúbal em várias décadas do século passado.
Aqui pode pode ver mais informação sobre Bocage na Biblioteca Nacional.
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Porque Bocage se sente em casa em Setúbal faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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