![](/assets/img/blank.png)
A Fábrica da Baleia do Boqueirão encerrou em 1981 e, quando da musealização, foi ainda encontrada farinha de ossos no crivo do moinho que deu para encher duas sacas.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
César Rosa, técnico do Museu, aponta para as duas sacas que ainda lá estão, junto a enormes máquinas de um complexo sistema que aproveitava a carne de cachalote. O cetáceo era levado para o porto que fica a umas dezenas de metros da fábrica, no final da rua.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
O cachalote era rebocado para o porto do Boqueirão. Era içado para fora da fábrica e depois era desmanchado. Uma das etapas deste longo processo era separar a cabeça do corpo para tirar o óleo que tinha um valor de mercado muito alto.
Posteriormente, quando do aproveitamento quase integral do cachalote, passaram a produzir farinha de carne e de ossos.
Na fábrica trabalhavam cerca de uma dezena de pessoas. No dia em que chegava uma baleia havia mais gente. Não era um trabalho fácil.
A Fábrica da Baleia do Boqueirão foi uma aposta de um empresário de Almada e começou a funcionar em 1944.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
Foi no decorrer da Segunda Grande Guerra, numa altura em que o mercado tinha grande procura de produtos derivados da baleia porque as principais estruturas baleeiras tinham sido destruídas.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
A fábrica encerrou em 1981 e em 1986 Portugal proibiu a caça à baleia. Em 2015, as instalações foram abertas ao público como museu tendo sido acrescentado um piso onde podemos ver instrumentos da baleação.
Das várias abordagens abordadas na exposição detalhada, César Rosa destaca a história da baleação e a forma como se desenrolava todo o processo a partir da vigia às baleias. Há ainda um vídeo de cerca de 20 minutos. É um documentário feito na década de 70 por um francês que esteve numa base militar nas Flores e que é uma excelente ferramenta para se perceber todo o processo.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
Foram ainda recuperados dois botes baleeiros que ocupam uma zona nobre do museu. Ajudam a dar a perspetiva de como era uma embarcação frágil perante as adversidades do mar e a dimensão dos cachalotes.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
Há também informação sobre o contexto social e económico que levou muitos açorianos a fazerem parte das tripulações de barcos norte-americanos. Houve nas Flores (a ilha açoriana mais próxima dos EUA) um grande movimento em relação à baleação porque no final do século XIX, inicio do século XX, era muito dificultada a emigração. Às escondidas das autoridades, muitos açorianos embarcavam clandestinamente e vinha muita gente de outras ilhas para “darem o salto para a América”.
Ao contrário de outras instalações baleeiras que se degradaram devido ao abandono, a Fábrica do Boqueirão está bem preservada porque o espaço foi utilizado pela Câmara Municipal como armazém e oficinas e isso permitiu a manutenção das máquinas. São dois pavilhões muito grandes com uma chaminé muito alta.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
Um pouco mais baixo, próximo do mar, estavam os tanques onde se guardava o óleo de cachalote que era exportado e servia para iluminação pública. Onde estavam os tanques funciona hoje um Centro de Interpretação Ambiental.
Está muito dirigido para a vida marítima e um dos objetivos é a sensibilização ambiental. Uma mudança profunda de paradigma tendo em conta que em cerca de meio século foram mortas cerca de 12 mil baleias nos Açores.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
Esta mudança de paradigma é espelhada no Museu e, de certa forma, em todo o arquipélago que aposta no Turismo de Natureza.
Na opinião de César Rosa, a seu modo, o Museu ajuda a mostrar essa mudança: “a visita para muitos é uma surpresa e, em alguns casos, é sentida de forma desagradável. Na verdade a preservação da natureza e a baleação “não casam bem”. O que é um facto é que se trata de um museu, de uma história que se conta sobre o passado e hoje as ilhas estão focadas noutro tipo de atividade, como a observação de baleias.
![Fábrica da Baleia do Boqueirão Fábrica da Baleia do Boqueirão](/assets/img/blank.png)
“O mundo não é igual à altura em que caçávamos baleias. Hoje em dia já não faz sentido e até há mais rendimento com o turismo de natureza do que com a caça de cetáceos. A visita permite que as pessoa saiam do museu mais tranquilas.”
Fábrica da Baleia do Boqueirão faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Comentários